segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A “Questão de Taiwan” - Pode levar as duas únicas superpotências (EUA & China) a um confronto militar nos próximos anos?

Artigo Chester NEWS Especial - Como será 2023 se o impasse de Taiwan levar os EUA e China para uma Nova Guerra Fria 2.0 do Século XXI?. A Pergunta do Século: A ascensão da China será pacífica ou militarizada? E se o conflito acontecer - quais serão os impactos no mundo e especialmente e não mais importante aqui no Brasil?



Escrito por Chester Martins Pelegrini 16.01.2023 (Atualizado 17.01.2023 16:11).

 

Editor Chefe do Blog Independente Chester NEWS[1]

 

No momento que estou escrevendo este artigo está tendo a Edição de 2023 do Fórum de Davos, importante Evento Internacional que mostra bem as rachaduras das placas tectônicas internacionais da geopolítica principalmente reflexos da Pandemia de Covid-19 e a Guerra da Ucrânia chegando há quase um ano.

 

O próprio slogan do evento mostra como a Ordem Internacional ruiu em pouco tempo e demonstra a foto do pessimismo atual. Em artigo Gideon Rachman (Artigo do Financial Times reproduzido Jornal Valor Econômico, Página A12, sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023): “Cooperação em um mundo fragmentado”. 

 

Nada mais justo com o momento atual em que muitos intelectuais e analistas internacionais dizem em “desglobalização”, pesquisas mostram os CEO-s de Multinacionais pensando em voltar a produzir em suas cadeias globais de fornecedores sem o risco “geopolítico” em outras palavras não fazer comércio com “inimigos” colocar indústrias estratégicas apenas em países aliados.

 

Toda esta linguagem é usual da Guerra Fria com o auge entre os anos 70 em “Escolher um Lado” e parece que a Guerra Fria original 1.0 era entre EUA x URSS e agora parece que temos a segunda temporada mas com aliados agora a OTAN (EUA e UE) com a URSS virando a Rússia e ganhando a China e Irã como aliados nestes novos episódios..

 

Tivemos como dizem outros analistas quase 70 (setenta) anos de “paz”, multilateralismo e reforço da governança global que alguns analistas chegaram a dizer que “chegaram ao fim”.

 

Mas os analistas se empolgam, já chegaram a falar a poucos anos atrás que as Guerras Estatais eram “coisa do passado” e que seria muito improvável países ricos, democráticos e grandes potências entrarem em guerras estatais.

 

Nem os analistas anteriores estavam totalmente certos nem os de agora estão totalmente certos. O mundo não vai acabar com um possível confronto entre EUA x China e nem terá uma paz tão duradoura quanto os últimos 70 anos. Mas as críticas em relação a “desglobalização” devido a desconfianças entre os países pode na verdade ocorrer um fato inusitado ao invés de “Desglobalização” pode haver uma “Dupla-Globalização” ou seja, os países aliados dos EUA terão sua própria Globalização “Particular” enquanto aliados da China terão outra Globalização à parte. 

 

Não haveria uma “Desglobalização” mas uma “Globalização Dupla” em que os bens e serviços circulam apenas entre os países aliados nos dois pólos. Vemos que os EUA na Guerra da Ucrânia tentou fazer sanções econômicas contra a Rússia, mas na verdade teve sucesso em parte. Embora diversas empresas multinacionais euro-americanas apoiaram o boicote da OTAN, a China não teve pudor de ajudar sua aliada a Rússia.

 

E o nosso ponto principal e o Brasil nisto tudo? Pode chegar um momento que veremos a pista cada vez menor da Política Externa Brasileira (PEB) tradicionalmente “pragmática” (falar e fazer negócios com todos do mundo sem defender valores próprios ou ser aliado forte de apenas um grupo de países).

 

Se o caldo engrossar entre os EUA e China talvez teremos que escolher como nação em que lado ficar e pesar os prós e contras entre aumentar a aliança com os BRICS e apostar na ampliação do bloco em que Turquia, Argentina, Irã e Arábia Saudita já demonstraram interesse em participar de um “BRICS ampliado”, ou escolher o lado da OTAN (euro-americanos).

 

Com a posse do novo Presidente Lula, o Presidente da Venezuela Maduro propõe que seja criado um bloco latino americano de nações que sejam aliados confiáveis dos dois grandes irmãos da América Latina os Chineses e Russos.(Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/maduro-menciona-conversa-com-lula-e-pede-criacao-de-bloco-latino-aliado-a-russia-e-china/).

 

O que está se desenhando no radar é um possível conflito envolvendo os EUA e a China e dois fatos extremamente relevantes que passaram despercebidos da grande mídia mas que são cruciais para tornar o confronto dos dois gigantes inevitável: Uma Lei passou no Congresso Americano obrigando os EUA a intervir militarmente em caso de “invasão” (reunificação) de Taiwan (Lei de Política de Taiwan de 2022 (Taiwan Policy Act of 2022 - Senate Foreign Relations). Fonte: Senado Americano, https://www.foreign.senate.gov/download/sbs-taiwan-policy-act?download=1#:~:text=The%20Taiwan%20Policy%20Act%20of%202022%20creates%20a%20new%20initiative,bolster%20support%20for%20Taiwan's%20democratic Veja mais em Artigo do Global Voices: Fonte: https://pt.globalvoices.org/2022/09/21/lei-de-politica-de-taiwan-de-2022-os-eua-se-tornam-menos-ambiguos-sobre-defesa-de-taiwan/  pela China e ocorreu o mesmo, o PCC Chinês já tem aprovada uma Lei de 2005 chamada “Anti-seceção” uma Lei na China que caso Taiwan se auto proclame independente a China será obrigada a intervir também de forma militar: Fonte: BBC: http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/international/newsid_4346000/4346329.stm WikiNotícias: Lei permite que China use a força para evitar independência de Taiwan: Fonte: https://pt.wikinews.org/wiki/Lei_permite_que_China_use_a_for%C3%A7a_para_evitar_independ%C3%AAncia_de_Taiwan A seguir trechos da Lei Chinesa Anti-seceção de Taiwan: 

 

 

Partes do texto da Lei

 

Artigo 2: Existe uma só China no mundo. Tanto a parte continental como Taiwan pertencem a uma só China. A soberania e a integridade territorial da China não permitem a divisão. Salvaguardar a soberania e a integridade territorial da China é a obrigação comum de todo o povo chinês, incluídos os compatriotas de Taiwan. Taiwan é parte da China. O Estado não tolerará em absoluto que as forças separatistas que perseguem a "independência de Taiwan" separem a Taiwan de China sob nenhum pretexto e de nenhuma forma

 

Artigo 5: A adesão ao princípio de "uma só China" constitui a base da reunificação pacífica da China. A reunificação do país por meios pacíficos corresponde mais aos interesses fundamentais de todo o povo chinês, incluídos os compatriotas taiwaneses. O Estado fará todo o possível com a maior sinceridade para materializar a reunificação pacífica da pátria. Depois que se materialize a reunificação pacífica do país, Taiwan poderá aplicar sistemas diferentes aos da parte continental, e desfrutará de um alto grau de autonomia.

 

Artigo 8: No caso de as forças separatistas que perseguem a "independência de Taiwan" atuarem sob qualquer pretexto ou de qualquer forma para provocar a separação de Taiwan da China, ou se ocorrer importantes incidentes que impliquem na separação de Taiwan da China, ou se as possibilidades para uma reunificação pacífica terem sido completamente esgotadas, o Estado empregará meios não pacíficos e outras medidas necessárias para proteger a soberania e a integridade territorial da China. O Conselho de Estado e a Comissão Militar Central decidirão e executarão os meios não pacíficos e outras medidas necessárias como o assinala o parágrafo anterior e informarão imediatamente ao Comitê Permanente da Assembléia Popular Nacional.


Desta forma o teatro de operações ainda não está montado, mas a questão jurídica legal internacional (Lei Anti-Secessão de Taiwan Chinesa de 2005 e a Lei de Taiwan de 2022 do Senado dos EUA) colocam os dois gigantes em choque iminente. Pois se há leis nos dois países obrigando o uso da força militar o risco dele ter uma escalada semelhante ao da Ucrânia aumenta consideravelmente pois o conflito já existe ao menos juridicamente vinculante nos dois gigantes internacionais.

 

Em relação ao Brasil, a melhor forma é tentar se manter neutro nesta briga de elefantes e fazer negócios com as duas partes, mas deveríamos como é tradicional em nossa diplomacia agir com cautela e não se antecipar.


O Brasil sempre espera os cenários se desenvolverem primeiro antes de tomar partido ou “escolher um lado”. O ideal era se "dar bem com ambos os pólos", mas talvez este horizonte em algum momento a frente não seja mais possível.


Ainda é cedo para saber se realmente existe uma Nova Guerra Fria 2.0 e muito mais cedo ainda para apontar quem será o vencedor dela, afinal há dois pesos pesados de ambos os lados e vemos uma manada de elefantes numa Loja de Cristais. Nos diversos tabuleiros internacionais, nossa diplomacia brasileira segue o ditado do meio diplomático e da sabedoria popular brasileira: “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”.

 

                                   Chester NEWS no Youtube comentários sobre este Artigo.



 

Obs: O autor é autodidata nas matérias de economia, relações internacionais, ciência política e várias outras matérias de seu interesse. Sua visão é estritamente pessoal, não é um economista, cientista político ou analista formado apesar de ter conhecimentos na área. O autor não se responsabiliza por nenhuma tomada de decisão baseada em sua estrita visão dos acontecimentos. Gosta de analisar o mercado por hobby e não ganha nada com suas análises que são colocadas de forma gratuita na internet. O autor, por exemplo, já acertou a crise de 2008 entre várias outras previsões baseadas em seus cenários e análises político-econômicas. O autor se interessa muito por este tema e procura fazer os próprios cenários político-econômicos estritamente para tomada de decisões pessoais mas que gosta de compartilhar e torná-los públicos para quem interessar. O autor não ser responsabiliza por nenhuma decisão, investimento ou qualquer coisa que seja em relação a estes cenários que podem obviamente não se confirmarem. Não somos a favor de nenhum golpe de estado nem a morte do presidente ou ex-presidente. Somos contra qualquer tipo de extremismo político, ideológico ou religioso ou de qualquer tipo seja de extrema-esquerda ou extrema direita. Os cenários propostos são apenas projeções baseadas num agravamento da polarização política nacional levando em conta o histórico recente da trajetória político-econômica do Brasil e da nossa região da América Latina que enfrenta uma grave crise que tem seu epicentro na Venezuela e fatores de desestabilização tanto da esquerda (Foro de SP/Rússia/Cuba/China) quanto de direita (CIA/Estados Unidos).